A Perturbada Insônia
— Adam Delaris.
Tenho problemas com insônia desde a minha infância. Sempre temi a noite. Odiava quando chegava o fim da tarde, pois sabia que em breve teria que tentar dormir, mas sabia que não conseguiria; teria que olhar para o teto até desmaiar de sono. Foi a minha realidade desde que me entendo como ser humano. Nunca resolvi, nunca fui atrás de resolver até 2022. Mas tenho a noção de algo estranho: atualmente isso tem se intensificado. Por falta de tratamento? Não sei. Mas não me há dúvidas de que é uma punição, uma punição de eu próprio. Parece que o meu vazio tem minha mente como cúmplice, e eles me torturam com essa insônia, principalmente quando tenho pesadelos. Quando eu tenho esses pesadelos, nunca é algo normal; sempre acordo no susto, achando que tal fantasia foi real.
Parece que o meu interior tenta sabotar o meu exterior, me cansando fisicamente, emocionalmente e mentalmente. Eu simplesmente não consigo dormir. O silêncio continua, mas a minha cabeça não para. Ao me deitar, parece que os meus pensamentos atingem a velocidade máxima, como um caça ultrapassando a barreira do som. Neste momento eu estou com sono, mas tenho a total certeza de que, ao me deitar, nada acontecerá, e minha consciência rirá de mim — esse maldito me odeia.
Percebo que escrevo muito sobre a minha mente e vazio. Parece que minha vida é só isso. Porém, são as coisas que mais me atormentam. Voltando ao assunto, essa maneira em que minha mente funciona me molda por completo, e eu não tenho a noção de se isso é normal. Eu creio que não. Caso contrário, existiria um eu a cada esquina. Eu não sei se invejo as pessoas mentalmente estáveis; acho que não. Apenas gostaria de ter mais controle de mim próprio. As pessoas não aproveitam sua maneira de ser quando estão totalmente em sincronia com o ser humano ideal. A minha visão é que eles não têm noção disso — talvez pelo mesmo pensamento que o meu, de não saberem se o que elas vivem em sua mente é normal.
Eu não me vejo como uma pessoa louca; perturbada talvez, mas não de uma maneira ruim. Sou uma pessoa controlada no geral, mas não parece ser eu que mantenho tudo controlado, entende?
Eu gosto de acordar de manhã. Tenho essa visão de ser um gosto próprio meu, que essa insônia destrói. O mal de observar é ter de descansar depois; o mal de descansar é ter de encarar seus pensamentos antes de entrar no sono.
Temo a hora de dormir. É aí onde começa o verdadeiro terror mental. Tudo o que eu não refleti durante o dia me aparece durante a noite, e eles não querem saber se você está de acordo com isso ou não — eles apenas invadem.
E, para piorar, vem a solidão da madrugada. Eu costumava gostar muito dessa solidão, mas com essas atuais irritações ao anoitecer, toda a graça se perde. Não há o que aproveitar.
Me manter enjaulado por meus pensamentos é um castigo na qual não desejo a nenhuma pessoa — e o pior é quando não consigo repelir eles.
Nada me incomoda tanto quanto ter um sono desregulado. Irônico, não é? Odeio dormir às seis da manhã e acordar às duas da tarde. Para piorar, acordo desanimado, sem energia, sem vontade para nada. Tudo o que me resta é escrever e jogar o meu tempo fora — e tudo isso me sentindo controlado por algo, como dizia Virginia Woolf:
"Trancada dentro de mim, há uma alma estranha que não sei quem é, nem o que quer, mas que grita."
Não só grita, mas me afronta, que quer me testar, me levar ao limite — e parece conseguir. Não me vejo como uma pessoa depressiva ou solitária por natureza. Muito pelo contrário, a minha facilidade para fazer amigos é tremenda. Mas, como retrato nos outros textos, minhas relações não são nada fáceis, principalmente por eu não entender quem sou.
Mas entrando no que quero falar realmente: estar dessa forma, nessa insônia que afeta o meu dia a dia e bem-estar, me faz sentir menos animado e apto a me relacionar com outras pessoas, como se uma rocha grande se prendesse atrás de mim e me arrastasse ao abismo. Sinto-me hipnotizado por essa reação da minha mente, que me tira do total foco da vida e da socialização.
E por que eu não mudo? Por que não resolvo? Eu sei lá. Talvez eu só tente me acostumar com isso, ou pense que um dia tudo sumirá. Pois, antes, esse vazio vinha e voltava; agora parece grudado em mim. E aliado a essa insônia maldita que me leva para um buraco negro de saúde mental e física — a minha peste.
Sinto uma angústia tremenda ao saber que todo dia isso irá se repetir. Mas, como eu disse, talvez eu esteja esperançoso demais, otimista demais. Talvez eu seja consumido por mim próprio. Quem sabe.